quarta-feira, 30 de março de 2011

bilhete de amor a uma geração

as gotam caem menos gotas em mim
em nós.
sou cego em nossas relações,
perfeitos inertes, inférteis
vagos
lágrimas batem secas no chão
não entendo o porquê.
mas sigo tentando,
no solo machucado do meu espírito,
amá-los, amados então.

(por: Laura Fraiz)

terça-feira, 15 de março de 2011

IRRITADA

(Texto: Laura Fraiz, ilustração: Maria Valentina)

Nossos dias da semana costumam começar loucos: eu quase sempre demoro pra acordar, o cara da perua buzina e minha mãe grita o famoso grito dela 



Aí eu saio correndo que nem uma doida, não levo lanche, nem almoço, nem nada mas não consigo achar a chave. O cara buzina de novo. Mesmo estando na sala eu consigo sentir minha mãe ficando irritada. Começo a ficar desesperada e a choramingar (meio de propósito) e minha mãe fica puta. Finalmente eu saio, super duper mal humorada, e entro na perua-que-não-sei-porquê-tem-janelas-que-não-abrem e ufa -ou não- vou pra escola de uma vez por todas.


Mas isso é só ás vezes, quando eu resolvo dormir até as 6:15. 

Não sei muito bem porquê eu acabei de contar isso tudo, acho que só por contar, mesmo. É que hoje foi um pouquinho assim e esse clima continuou dentro de mim pelo dia todo: eu sou sumamente irritadiça.

A Soledad, por exemplo, é uma coisinha que me tirou do sério. Eu estava brigando com a minha bela mãe no carro e disse: "Nosssaa, como você é chata" e a enxerida da minha irmã ficou defendendo ela falando:


Ela também tem uma mania de ficar repetindo a mesma coisa vintemilhõesdetrilhões de vezes, até eu fazer o que ela quer. Tive que por, então, o filme da Hello Kitty que ela queria, mas "não, não, não, na sala não! Eu quero no quarto da Va-len-ti-na!".

Também quis porque quis o Macarrão da Laura, e eu fiz, mas acabei comendo metade. Isso foi há uma meia hora atrás.
Agorinha mesmo, eu tava escrevendo esse textinho e minha mãe ficou falando pra eu vir pra sala JÁ, que eu tinha recebido uma mensagem no celular e que ela ia ler em 3, 2, 1: ela leu! Isso me dá nos nervos!


Mas já tá tudo tranquilo nesse minuto, pelo menos..

Pra encerrar, uma coisinha que acabei de ler no meu caderno de Vazamentos e que tem a ver com isso tudo:
"Escrever faz eu me entender muito melhor, todos os meus pensamentos ficam desarrumados na cabeça, mas eles fluem pelo lápis e ficam (ás vezes não) claros e entendíveis. Escrever tem me salvado, e vai continuar salvando."

terça-feira, 8 de março de 2011

As mina, pa!



Como vamos romper com a herança que recebemos, heavy, monstra, de sermos mulheres do jeito que nos foi dado?  
Eu garanto, falar disso com nossos filhos, contar e pensar a linha do tempo das mulheres da nossa casa, falar das transformações, da desgraça de ser mulher, da mágica de ser mulher, é uma militância muito mais eficiente do que sair andando pelas ruas numa data X.  Ouvir o que eles têm pra falar sobre o assunto pode ser muito surpreendente; eles são intuitivos, livres e inteligentes.
As minhas filhas já me transformaram profundamente como mulher.
Eu já transformei a minha mãe, com minha transformação.
A gente recebe o fardo de cima pra baixo, e a revolução vem de baixo pra cima.
A revolução é das crianças.